D'Aquele Abacateiro
nascido no meu quintal
tantas saudades eu tenho
que chegam a fazer mal.
Ramos abertos, estendidos,
querendo apanhar o céu,
Abrigava-me do sol,
Servindo-me de chapéu.
Debaixo dele brincava
E ele velava por mim
Oferecia-me os seus frutos
Éramos felizes assim.
Um dia tudo acabou
Abruptamente houve um fim
Separámo-nos, ele e eu
E para longe dele eu vim.
Ele ficou sozinho
Chorando seu triste fado
Porque foi ela embora?
Porque me terá abandonado?
Tantas saudades eu tenho
que chegam a fazer mal
Daquele Abacateiro
nascido no meu quintal.
Só queria que soubesses,
meu companheiro de então
que não ficaste sozinho,
eu trouxe-te no coração.
Se tu já tiveres partido
para o Jardim do Paraíso
Reserva-me lá um cantinho
com uma tabuleta de aviso:
"À espera de uma amiga,
que conheci antigamente
As saudades que doeram
vão acabar, finalmente".
Meu querido companheiro,
No Jardim Celestial
Eu serei o teu adubo
E tu medrarás divinal.
3 comentários:
MAS QUE POEMA TÃO LINDO
E DIZES, PALAVRAS TUAS
FAZ LEMBRAR "O TEMPO INDO"
DEIXANDO PALAVRAS CRUAS
O TEMPO MARCA A DISTANCIA
A PALAVRA TE CONSOLA
RECORDANDO A TUA INFANCIA
NESSA TUA QUERIDA ANGOLA
Devia ser proibido ter saudade...
A história do abacateiro molhou-me os olhos. Grandes pistas de carros e estações de serviço construí naquele canteiro, entre as raízes do abacateiro. Sniff… Fuck the revolution, fuck democracy. Se democracia é isto que temos, viva a ditadura.
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