Lembro-me de todos os anos, em Angola, "ter" que ir obrigatoriamente ao circo com os meus pais.
E tinha medo, muito medo.
Nunca achei piada aos palhaços.
Tinha medo que os trapezistas caissem.
Detestava o estalar do chicote sobre os animais.
Agoniava-me com o cheiro do circo.
Já mais crescida, deixei de "ter" que ir ao circo e, quando passavam na TV, desligava.
Foi preciso tornar-me numa quarentona para, finalmente, gostar de circo.
Ou antes, para gostar de um circo.
Não me lembro quando tomei contacto com ele. Mas sei que liguei a TV e olhei e maravilhei-me.
Alguma vez viria a Portugal?
Um casal de professores de do meu ginásio é completamente FÃ deste Circo e não perdia nenhum espectáculo quando ele ia a Espanha.
E contava maravilhas.
Quando cá vieram da vez passada, não tive possibilidades de ir ver O CIRCO.
Mas eles prometeram voltar e eu pus-me "à coca".
Bilhetes comprados em Dezembro e, nessa altura, só os mais caros estavam disponíveis.
Restava, portanto, aguardar.
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"Os lilases estão a florescer. É bom rir, pelo menos, vinte minutos por dia. Faz bem à saúde e limpa os pulmões.
Mas sobretudo, sem excessos. [...]
Como vi o mundo hoje? Da esquerda para a direita ou da direita para a esquerda? Como vão as suas preocupações, senhora? E o senhor, como está a sua dor nas costas?... [...]
Ah! Os tempos são difíceis, mas a vida é bela e passeei o meu cão hoje de manhã.
Cruzei-me com um velhote que trabalha no porto de Montreal.
Ele congratulava-se por ter pescado o seu primeiro quidam da Primavera.
(Excertos do diário do director, 1 de Abril de 1996)
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O post está longo não é?
Pois, há coisas que, de tão maravilhosas, ou não se contam, ou se contam com tempo, longamente com tempo.
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É como a notícia do gato que o dono tanto amava.
Esta, por razões trágicas ....
Mas a sensibilidade está na maneira como se conta tanto o maravilhoso, como o trágico:
Sr. A, escreveu o capataz da quinta, numa carta:
O seu gato subiu ao telhado.
2 comentários:
Eu por acaso gostava de circos e queria ser artista de trapézio quando fosse grande.
Animais nas jaulas é que não!
Sim e depois, vá continua......
O circo tem para mim um significado extra. O meu avô levava-nos sempre ao circo, se lhe pedíssemos até íamos mais que uma vez ao mesmo.
Adorava - e ainda hoje adoro - e fico maravilhada com os trapezistas. Detesto os palhaços.
A última vez que fui ao circo foi há uns 12 anos. Ainda detestava mais os palhaços.
Apesar de se chamar "Cirque du Soleil" não é um circo tradicional. É um espetáculo único mesmo!
Como te disse: hei-de ir, ahh pois hei!!
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