Paço de Arcos
Brasil
Brasília
P.A, nesta data e por minha obra e graça, 2008
Caro Brasil,
Serve a presente carta postada para lhe expressar a minha compreensão pela inflacção que grassa por aí, e que de gratuita não tem nada; aliás nem graça tem.
Ao constatar, nas minhas idas e vindas por aqui, a quantidade de brasileiros que chegaram a Portugal, até fiquei bastante feliz.
Os brasileiros são alegres, bem dispostos, muito dados, e ajudariam a mudar um pouco a natureza, bem mais reservada, dos Portugueses.
Mas o que me tem sido dado a constatar tem-me feito mudar de ideias e entrei, finalmente, em crise!
As brasileiras só podem dar prejuízo! A elas próprias, ao país de origem e ao país onde chegam. Só pode!
Porque é que eu digo isto? Não, não tem nada a ver, com situações de alterne, de roubarem os maridos às portuguesas, e por aí ... e, adiante que, como vocês mesmo dizem o último que andou na linha o trem matou.
Nada disso;
Estou a falar das comunicações telefónicas.
Não há dia que eu não veja -mais as brasileiras que os brasileiros- em conversas looooooooooooooongas ao telemóvel!
Será que existem tarifários especiais só para brasileiros?
Será que o roaming é diferente para vocês?
Fico preocupada, fico, fico.
Hoje, por exemplo, entrei em crise ... crise dos 40, crise de nervos, crise... crise...
Eu explico, calma!
Uma brasileira falava, ao telemóvel, com outra (não sei se brasileira, mas deduzo que sim) no comboio, conversa essa que continuou metropolitano dentro e continuou, com toda a certeza, mesmo quando eu saí metropolitano fora.
Aliás, nesta hora em que escrevo, poderá ainda a conversa não ter sido dada por terminada.
Esta conversa, em particular (mas que toda a gente podia ouvir), versava uma amiga comum que irá fazer 40 anos e, a pretexto de se fazer uma festa surpresa, dissecou-se como é que a amiga se sentiria por ficar mais velha, como é que as pessoas que a conhecem se sentem por ficarem mais velhas, como é que se sentem por ela ficar mais velha, se a amiga gostaria da festa-surpresa, se calhar a amiga não ia gostar da festa, quem deveria ser convidado, quem não deveria ser convidado, como é quem quem não fosse convidado se sentiria em relação a não ser convidado, como é que ela e, do outro lado, a amiga (que eu não podia ouvir, graças a Deus) se sentiriam se não fossem convidadas. Que se calhar o melhor era convidar toda a gente e fazer uma festa grande; se calhar a amiga que fazia anos não ia gostar de uma festa tão grande, como é que elas se sentiriam por organizar uma festa tão grande, porque depois há quem não ajude à festa mas queira festa, que tipo de comida devem servir, o melhor era ser comida que não engorde, mas se calhar depois a amiga ia pensar que a comida era lite porque ela estava a entrar nos 40, ou porque ela está (tu viste, não viste?) mais gorda, podiam comprar aperitivos menos lite, mas cortá-los em bocados mais pequenos, blá,blá,blá.
Eu, cujo telemóvel passa dias sem tocar, que detesto telefones, entro em crise quando ouço e vejo isto, aliás porque, mesmo assim, acho que pago imenso.
Quem é que corre atrás do prejuízo?
Eu não, sabe, é que já ando um bocado cansada ... e a precisar, não tarda muito, de próteses, auditivas, claro!
Esperando, no entanto, que este post Vos possa encontrar melhor de saúde, agora que os que mais falam se encontram em Portugal,
Subscrevo-me, muito atentamente por tal atentado, com um Têemeénico Até Já!
Gi.
cc: Vekiki
17 comentários:
Já nem se pode falar ao telefone descansado :)))
Olha que se todos gostassem de falar ao telefone, (fixo ou móvel) como eu, as operadoras estavam lixadas.
Mas tem gente que gooosta, gosta mesmo. E acho até que não passa pela nacionalidade e sim pelo sexo ( o feminino) ô mulherada pra gostar de repetir o óbvio tantas vezes ao ouvido da outra. Uma noite estava a jantar em Évora e entrou um casal e uma criança.E eram portugueses. O homem já vinha com os ouvidos cheios e a cara de "poucos amigos". Pois a mulher fartou-se de trocar de mesa até que conseguiu uma que ficasse próxima a uma tomada porque a bateria do telemóvel tinha acabado. E o marido entre dentes "mas o que é que queres"? "Quero avisar que já estamos em Portugal".(não sei de onde vinham) E ele: "Mas já não avisaste?" "Mas falta avisar ao Carlos e a Beatriz e a etc, etc...
beijinhos Gi e Alô????
cláudia: Até podem, eu pé que podia não ouvir. ;)
pitanga doce: De facto, este fenómeno, vê-se mais nas mulheres, principalmente no tempo gasto em detalhes e conversas sobre "nada".
Tu achas que esse casal português vinha do Brasil?! :D
sempre ouvi dizer que um discurso (ou conversa) quando perde profundidade é compensado em comprimento!
Eu A D O R O falar ao telefone!
Tenho sempre muita coisa para dizer, mesmo que repetida e tudo. É muita conversa, muito assunto, muita discussão, muita gargalhada, muito blá, bá, blá e etc.
Eu ‘tou com a senhora brasileira que tu ‘cuscosamente’ ouviste a conversa todinha.
É isso aí, minha gente!
patti: "cuscosamente"? Eu adorava ter conseguido ler o livro que levava para ler no comboio ... mas a poluição sonora era bastante. ;)
Adoro cuscus!
Sua 'cuscosa', 'cuscurona', 'cusquita'!
GI, eles me pareciam que vinham de Espanha e o marido tinha aquela cara do rei Juan Carlos e eu estava a ver que ele dizia "Por que não te calas"??? hehehehehe
Ó Patti, não te sabia assim tão faladora. Quem agradece? A TMN, a OPTIMUS ou a VODAFONE? hehehe
pitanga doce: a Patti é mais telefone fixo. ;)
Cuscus?
Olá, quem fala?
Boa Gi! Adorei a tua carta. Com a tua graça de sempre tens muita razão quanto aos períodos gastos ao telefone por pessoas que supostamente "vivem dificuldades financeiras".
Também estou contigo em relação ao volume utilizado pelas pessoas que falam ao telefone na rua, nos cafés, na praia, nas lojas, em todo o lado! Parece que todos temos que saber o que se passa naquela linha telefónica!
Eu também quase não recebo chamadas. Aliás, a bateria do meu telefone aguenta dias e dias sem ser carregada. Já estás a ver o uso que lhe é dado, certo?
Já houve um tempo, longínquo, há uns 23 anos atrás, em que eu adorava namorar ao telefone. Agora, em que tudo é virtual, prefiro o "olho no olho".
Bem, quanto aos 40, gostei de os fazer e tenho gostado de os ter!
beijos para ti, Amiga bloguista!
É tudo uma questão de prioridades, suponho... LOL Uns escolhem os telemóveis, outros as proteses auditivas... LOL
Nao tens vergonha de ouvir a conversa das outras pessoas?....ahahaha
E nao venhas dizer que ouviste porque foste obrigada porque essa nao cola, ha sempre o ipod :)
miepeee: tu sabes lá, não me entendo com essas coisas, de andar agarrada a fios (parece que ando com a algália, ou com o soro), de ter os "phones" nos ouvidos; aliás, acho que os meus pavilhões auriculares são defeituosos, aquelas "coisas" caíam-me sempre.
Prefiro ler e de preferência só com o barulho das rodas sobre os carris e com a música que, muitas vezes, os comboios têm.
E lá ficaste a saber mais uma vida de alguém. Esta gente gosta mm de falar ao tlm em frente a tudo e todos :) E não são só os brasileiros.
A culpa é das operadoras telefónicas!
Fazem aquelas promoções de toma lá dá cá e pronto(s),... já não lês, já não e não e nada!
(plenamente de acordo contigo em relação aos fios para as orelhas! eheheheh nem são bonitos...)
Gi: Estou consigo. Apanho irritações frequentes com essas cenas no Metro. E é impossível não ouvir as conversas, porque a maioria fala aos gritos. Resolver o problema com i-pod? Para quê? Para fazer aquelas figurinhas tontas de saracoteio ao som da música, que me apetece logo mandã-los internar?
A minha solidariedade, Gi.
Ao telemóvel nunca tinha visto. Mas na cabine telefónica junto à minha casa passam um tempo infinito. Sem eles por cá Portugal seria muito mais triste.
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