Cada escritor escolheu uma cor.
O verde foi a cor do Natal escolhida por Rosa Lobato Faria.
Quando partiste as pedras ficaram verdes, cobertas com o verde musgo do esquecimento. Todas as coisas que tocaste se tornaram verdes, para me lembrar a verde verdade da tua ausência. Segui-te, em desespero, até à praia e o mar era verde, de um verde jamais visto, de um verde provocante e mau, verde escuro, verde baço, verde castigo e, se a espuma se espalhava na areia em verde jade, isso era apenas um doce engano da saudade verde dos meus olhos.
Vi a tua galera, com velas verdes enfeitiçadas por um vento acidamente verde, perde-se no horizonte verde adeus, verde nunca mais.
Perdi-me, no regresso, entre as árvores verde - abraço, consolando-me em verdes maningâncias para me fazer sorrir. Mas o meu sorriso tinha-se tornado verde, frio e estático como o prato chinês orientalmente verde. O meu vestido verde prendeu-se nos ramos de uma árvore que me deixou morrer entre os seus braços.
Quando acordei, a curva do teu corpo ainda estava quente. Livre do pesadelo vi, verde de espanto, que na tua almofada, um passarinho verde assobiava Mozart.
6 comentários:
Gi!! se não voltar antes... Feliz Natal!! :)
Beijocas :)
Querida Gi...claro que tinha de ser verde... :P
Tá-se bem! - Obrigada; para ti e para os teus também.
Perfeito. Ainda hoje me encanto com os textos dela.
Sabes que a Rosinha é das minhas escritoras preferidas e tenho todos os livros dela.
Sou fã desde o primeiro livro, que me surpreendeu muito. Com pena minha, este último, que tanta publicidade tem tido é fraquíssimo, o pior de todos.
Ela é muito rica em adjectivação e de escrita viva. Este Verde, é prova disso.
Por alguma razão li todos os livros da Rosinha (com excepção deste último, que ainda não conheço), e fiquei sua fã incondicional, não só pela escrita, mas também e sobretudo, pelas palavras que podiam sair da caneta de uma senhora que aparentava ser enjoada, oca e queque em todos os seus papeis como actriz de televisão
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