sábado, 20 de dezembro de 2008

UM TEXTO DE E NO NATAL POR DIA E NEM SABE O BEM QUE LHE FARIA

David Machado descobriu o branco, também ele Cor do Natal.



Despertou lentamente, como se estivesse a nascer outra vez, e assim que abriu os olhos viu ao seu redor aquele deserto vasto, plano e leitoso. Para todos os lados, até ao horizonte, não havia nada a não ser a imensidão assombrosa daquela terra branca. Tinha os membros doridos e a cabeça pesada, mas imediatamente o seu instinto obrigou a que se movesse: era necessário encontrar os seus companheiros. Naturalmente, não pensou no que teria acontecido para se encontrar ali: limitou-se a marchar para onde a intuição mandava, sem qualquer referência geográfica. Avançou em linha recta através do branco do deserto. E durante um tempo infinito foi apenas isso: o chão branco e raso que parecia nunca mais ter fim. De súbito, pareceu-lhe ver algo negro, estendido no chão, como um corpo, e pensou tratar-se de algum companheiro. Caminhou mais depressa, mas antes mesmo de chegar percebeu que não passavam de letras negras, enormes, pintadas na terra branca. Dizia: Branco. Parou então, apenas olhando. Nesse momento deu-se conta da sombra chegando do céu, avançando para cima de si, e a pequena formiga não pôde fazer mais do que desviar-se para deixar a caneta escrever: «Despertou lentamente, como se estivesse a nascer outra vez».

3 comentários:

Si disse...

Se não estivesse assinado, iria jurar que isto teria sido escrito pela Patti....

P.S. Se não tiver lá ido, veja, lá em casa, o que perdeu....

Olá!! disse...

Ele há coisas que valem a pena ler, mesmo sendo publicidade ;)

Patti disse...

'Tadinha, imagino o susto.

Se valhar deste-me uma ideia com estas histórias coloridas.

Se calhar...só se calhar!