SERPENTINAS

Era uma vez duas serpentes que fugiram da Arca de Noé e foram ter a uma ilhota lá para os lados do Mar Morto.

Uma era carnívora e a outra era herbívora pelo que, esgalgadas de fome, e não se podendo comer uma à outra, puseram escamas ao caminho à procura do que lhes tornasse o corpinho bem feito.

Chegaram a um belo Jardim onde uma placa rezava: É favor não alimentarem os habitantes; eles são auto-suficientes.

A Serpente Bífida - assim se chamava a serpente carnívora- porque gostava de bifes, trincando, de vez em quando, quando a fome apertava, até a sua própria língua, viu um belo casal que se encontrava distraído a parrar um com o outro.

Imediatamente se apaixonou e decidiu ali mesmo fazer um triorgia.

A Serpente herbívora, de sua graça Herbal, porque já havia um Leão lá na Arca do Velho que se chamava Timotei, encontrou uma árvore e sentiu-se uma víbora com sorte pois a Floribella ainda a não havia afilhado; apaixonou-se pelo seu look, principalmente, pelos seus brincos carnudos e vermelhos que davam pelo nome de maçãs.

Olhou-os, remirou-os, estendeu-lhes a língua e sibilou: Aqui essssstão ossssss meussssss amoressssss, nem bichinhossssss têm!

Como Deus, o Criador de tudo de Norte a Sul, de Cima a Baixo, de Lado a Lado e, já cansado, de Torto a Torto, lhes havia dito que deveriam amar o próximo como a si mesmas, fizeram aquilo que melhor sabiam:

Bífida comeu Adão e Eva, porque era deste casal que se falava lá em cima, seus distraídos.

Ninguém lhe disse que uma mènage à trois pode ser mais traiçoeira que o triângulo das Bermudas.

Herbal alambazou-se com as maçãs.

Não ficou ninguém para lhe contar [a árvore era perfeita, até muda era] que ela agora ia ficar com maçãs de Adão.

Moral da História: Deve-se ter muito cuidado com aquilo que se come.