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sábado, 21 de março de 2009

POSTIVERIL

Primavera

Ah! quem nos dera que isto, como outrora,
Inda nos comovesse! Ah! quem nos dera
Que inda juntos pudéssemos agora
Ver o desabrochar da primavera!

Saíamos com os pássaros e a aurora.
E, no chão, sobre os troncos cheios de hera,
Sentavas-te sorrindo, de hora em hora:
"Beijemo-nos! amemo-nos! espera!"

E esse corpo de rosa recendia,
E aos meus beijos de fogo palpitava,
Alquebrado de amor e de cansaço.

A alma da terra gorjeava e ria...
Nascia a primavera... E eu te levava,
Primavera de carne, pelo braço!
Olavo Bilac, in "Poesias"

sábado, 14 de fevereiro de 2009

POSTÍCULONÃO - TODAS AS CARTAS DE AMOR SÃO RIDÍCULAS

9/10/1929
Terrível Bebé:
Gosto das suas cartas, que são meiguinhas, e também gosto de si, que é meiguinha também. E é bombom, e é vespa, e é mel, que é das abelhas e não das vespas, e tudo está certo, e o Bebé deve escrever-me sempre, mesmo que eu não escreva, que é sempre, e eu estou triste, e sou maluco, e ninguém gosta de mim, e também porque é que havia de gostar, e isso mesmo, e tudo torna ao princípio, e parece-me que ainda lhe telefono hoje, e gostava e lhe dar um beijo na boca, com exactidão e gulodice e comer-lhe a boca e comer os beijinhos que tivesse lá escondidos e encostar-me ao seu ombro e escorregar para a ternura dos pombinhos, e pedir-lhe desculpa, e a desculpa ser a fingir, e tornar muitas vezes, e ponto final até recomeçar, e por que é que a Ofelinha gosta de um meliante e de um cevado e de um javardo e de um indivíduo com ventas de contador de gás e expressão geral de não estar ali mas na pia da casa ao lado, e exactamente, e enfim, e vou acabar porque estou doido, e estive sempre, e é de nascença, que é como quem diz desde que nasci, e eu gostava que a Bebé fosse uma boneca minha, e eu fazia como uma criança, despia-a, e o papel acaba aqui mesmo, e isto parece impossível ser escrito por um ente humano, mas é escrito por mim

Fernando

In "Cartas de Amor de Grandes Homens" *

* A este respeito não sei se escreva uma carta de amor à Bertrand Editora perguntando-lhe se precisam de um revisor que revise o que o revisor deles revisa, porque António Nobre, que morreu em 1900, a escrever cartas em 1986, SÓ se tiver sido do Além.
Não dá, de facto, para "A gente dar o desconto", apesar de eles me terem feito 20% de desconto no livro, com direito a um coração de chocolate da Hussle, para me adocicarem a boca. ;)

sábado, 26 de julho de 2008

POSTICULONÃO

Composição escrita por uma menina de 8 anos e que já devem ter recebido, inúmeras vezes, por email.

«Uma Avó é uma mulher que não tem filhos, por isso gosta dos filhos dos outros.
As Avós nao têm nada para fazer, é só estarem ali.
Quando nos levam a passear, andam devagar e nao pisam as flores bonitas nem as lagartas.
Nunca dizem "Despacha-te!".
Normalmente são gordas, mas mesmo assim conseguem apertar-nos os sapatos.
Sabem sempre que a gente quer mais uma fatia de bolo ou uma fatia maior.
As Avós usam óculos e às vezes até conseguem tirar os dentes.
Quando nos contam historias, nunca saltam bocados e nunca se importam de contar a mesma história várias vezes.
As Avós são as únicas pessoas grandes que têm sempre tempo.
Não são tão fracas como dizem, apesar de morrerem mais vezes do que nós.
Toda a gente deve fazer o possível por ter uma Avó, sobretudo se não tiver televisão.»

E isto é válido também para os Avôs.

O bom de ser Avô deve ser mesmo os netos terem pais que os aturem e eduquem!