FOI ONTEM, MAS PARECE QUE É HOJE...

- Ó Senhor Professor! - exclamou o Chico, um esperto rapazinho, filho de um operário duma fábrica próxima. - O meu paizinho chegou ontem a casa muito contente. Dizia ele que trabalhava agora com mais alegria, porque quando um dia não pudesse trabalhar, não haveria de faltar o pão à sua família. Falava muito no Senhor Doutor Oliveira Salazar, no Estado Corporativo, mas eu não percebi o que ele queria dizer na sua...
- Eu vou-te explicar por que razão o teu paizinho ia tão contente. Senta-te, e estejam todos com atenção.

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" ...O Senhor Doutor Oliveira Salazar, é, como sabem, o Presidente do nosso Governo. Muito amigo dos pobres e dos trabalhadores, ele quer que todos os Portugueses vivam alegres e satisfeitos. Ora, não pode haver alegria numa casa, quando o pai não tem pão para dar aos seus filhos, quando não pode pagar ao médico e à farmácia, se tem alguém doente. Por isso e por muitas outras coisas, o nosso Governo estabeleceu umas leis, que vieram trazer muitos benefícios a todos os que trabalham e fazem por que a nossa Pátria, o nosso querido Portugal, seja uma grande Nação.

"Essas leis fazem que os operários se juntem em Sindicatos, que são agrupamentos dos que trabalham no mesmo ofício, e também obrigam os patrões a juntar-se em Grémios, constituídos da mesma forma pelos patrões que exercem o mesmo ramo.

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"Tanto os operários como os patrões têm os seus deveres e os seus direitos; e estes deveres passam a ficar escritos num contrato que os Sindicatos fazem com os Grémios, quer dizer, os operários com os patrões.
"Nesse Contrato de Trabalho fica estabelecido o salário mínimo, isto é, o menor salário que o patrão pode dar aos seus operários, conforme o trabalho que eles executam. Fica também estabelecido o subsídio na doença, na invalidez e na velhice, que é como quem diz o dinheiro que o operário recebe, quando estiver doente, quando ficar impossibilitado para o trabalho por desastre ou por estar velho e cansado. Ora, nada disto tinham antigamente, os nossos operários".

- Por isso, razão tem o meu paizinho para estar contente - interrompeu o Chico, lá do seu canto.

- O teu paizinho e todos os operários já compreenderam os benefícios dessas leis que vos acabo de citar, além de muitos outros que vocês perceberão melhor quando forem crescidos.

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"Os Sindicatos e os Grémios, que dizem respeito a uma mesma espéice de trabalho, juntam-se e fomram as Corporações, donde hão-de sair as regras que estabelecerão a harmonia, a amizade mesmo, entre os operários e patrões, entre os que dirigem e os que são dirigidos, entre os que mandam e os que obedecem.

Por isso, o Estado Corporativo, há-de trazer a felicidade dos Portugueses e o engrandecimento da nossa Pátria.

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Mas o nosso Governo ainda cuida doutras obras importantes. Têm-se rasgado estradas, têm-se consertado outras por onde os carros não podiam passar, têm-se construído pontes, caminhos de ferro, estabelecimentos de instrução, casas de caridade: e outras mais coisas se têm feito, o que representa os benefícios que devemos ao Estado Novo.
É por isso que muito devemos a esse grande homem que governa Portugal".
- Viva Salazar! - clamaram em coro todos os alunos entusiasmados com as palavras do seu professor.
Salazar e o Estado Novo

Livro de Leitura para a 1ª Classe do Ensino Primário Elementar

Os Magalhães de Ontem

Os "bold" estão no texto original.