Nasceu, e de imediato se recolheu, como se se quisesse preservar, ainda que num útero exterior.
Cresceu, gostando das coisas simples da vida, das flores, dos animais, do vento e do sol que passavam, os únicos que conseguiam com ele comunicar e lhe aguçavam a vontade de saber.
Não conseguindo comunicar com as pessoas, eram os livros os seus amigos de todas as horas, aqueles em que aprendia porque tudo e tanto eram tão simples e os humanos complicavam. Os livros de ciências, qualquer uma, eram os mais atraentes.
Quando se fez adulto, começaram a pagar-lhe pela sua arte, era através dela que comunicava com aqueles seres tão parecidos com ele, tão próximos dele e, todavia, completamente distantes.
Não havia nas redondezas melhor jardineiro do que ele; não se encontrava pedaço de terra que não domasse, semente que não lhe obedecesse, ou planta que não desse o seu melhor para lhe agradar.
Ficava muito triste quando, chegado o Inverno, as suas plantas tremiam de frio enquanto o vento as despia.
Nessa altura dedicava mais tempo ao seu passatempo: as engenhocas, a que chamava as suas minhocas.
Um dia ao olhar para um jardim em que o vento tinha despido todas as flores que tinha sofregamente beijado, pensou:
- E seu eu criasse para o vento umas flores que, em vez de tremerem de medo e de frio à sua passagem, dançassem uma energética e infindável dança com ele?
E a semente foi germinando, foi florescendo.
Num belo dia em que o Inverno se esticava para tocar a Primavera, os habitantes daquela terra acordaram e depararam-se com um estranho panorama:
Naquele baldio comunitário, pomo de tanta discórdia, o seu jardineiro plantava umas enormes flores de aço.
9 comentários:
São as novas tecnologias, aplicadas à natureza. E sendo assim,(rsrsrs) ou assim sendo, não há nada a fazer.
Parabéns pelo meio acerto no pasatempo CR!
Olá Beleza!
Tens um selo no meu blog ;o)
Beijos
apeteceu-me soprar para o monitor! mas não o fiz para que não saltasse nenhum perdigoto!
Ora muito bem, que vejo eu aqui?
Uma imaginação diferente da costumeira? Uma escrita criativa? Um ponto de vista?
Aplicadinha, a menina.
Muito bem, gostei oh pluma caprichosa.
É a Patti, é a Si, agora a Gi, só encontro mulheres a contarem histórias lindas sobre a maneira como apareceram as coisas? Será do i?
Uma história deliciosa e muito bem estruturada para quem só agora 'resolveu aprender a escrever'...
P.S. Aproveito ainda para informar que V. Exa. será uma das convidadas de honra de um evento único e exclusivo, que organizei para amanhã, lá na minha casa. Espero por si.
Oh Gi gostei do post. Mesmo mesmo.
Ainda bem que gostaram; sinto-me aliviada!
Eu,que não souna da envergonhada, estava cheia de vergonha e até com um certo receio, confesso, de publicar isto.
Também gostei. Faxabôre de voltar a decorar este seu blogue com letras tão floridas.
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