Tirou o curso de formação profissional numa universidade aberta, tocando as campainhas todas, dos prédios todos, de todas as ruas, de todos os bairros, da sua cidade, todos os dias, todas as vezes.
Quando chegou à idade adulta estava completamente habilitado e obteve correspondência nos CTT de uma vila fazendo distribuição por aldeias onde todas as vezes, todos os dias, não havia bairros, nem ruas, nem prédios, nem campainhas para tocar, apenas caixas de latão.
Não aguentou.
Escreveu uma carta de demissão e entregou-a em mão, não sem antes ter tocado à campainha.
13 comentários:
uma pena Gi, podia ter pedido transferência para as ecção dos telegramas, era uma opção!!!
:-))
Olha que não; os telegramas iriam ser entregues exactamente da mesma maneira. ;)
Pedia para mudar para o departamento de cartas registadas, eles tocam sempre a campainha ;)
Estás enganada, Miepeee: as registadas simples, não.
Mas este carteiro gostava de tocar às campainhas todos os dias.
Se fosse uma historia verídica, o Manel Jaquim era contratado com contrato de seis meses. Era renovado duas vezes. Quando finalmente aprendia a fazer o serviço, recebe carta de caducidade e vai embora.
Seis meses depois, repetia o ciclo.
Aconselha-o a mudar de ramo. Pode ir trabalhar num prédio onde haja daqueles elevadores em que toca uma campainha em cada andar. De preferência em NY, num arranha-céus.
Isto hoje em dia é uma desgraça. Já nem se respeita mais as necessidades do carteiro. Mas olha que nas aldeias eles até batem palmas à porta e gritam "Ó senhor Manel, corrrrreio!" hehehe
Eu gostava tanto de ter o carteiro a chegar de mota a casa dos meus pais. Não era preciso tocar à campaínha, mas nós também íamos ter com ele e sempre trocavamos umas palavras.
E se tivesse tentado trocar de cidade? :D
Um verdadeiro profissional.
Já sei, ninguém o avisou "cuidado com o cão"!
Levando para outro lado, está perfeito este texto para o desaire da profissão.
A ilusão que se cria uma vida inteira sobre uma carreira, cai por terra em pouco tempo, fica-se de repente sem chão e pior, sem norte.
Parafraseando uma pessoa que ambas conhecemos, eu ainda desenvolvia e explorava o tema mais um pouco.
Muito bom.
Um sonho que desvaneceu... Como muitos! :(
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