Quando o meu pai fez 75 anos, escrevi-lhe isto:
Hoje o meu Papá faz 75 anos.
75 anos, imaginem.
Quando nasceste, Pai, foste a pérola dos teus
E hoje és diamante meu.
Não um diamante em bruto,
Mas sim um diamante cravado, lapidado, polido
pela o que a Vida te deu.
75 anos, imaginem, é ter muitos anos.
Ter muita anos, como o meu Pai, significa ser idoso,
mas não ser velho.
Ser velho é ter muita idade.
Ser idoso é ter muitos anos.
A idade causa a degeneração das células,
mas não necessariamente a degeneração
do espírito.
Por isso o meu pai não é velho, é idoso.
Há velhos que nem a idosos chegam.
Os velhos descansam num calendário intemporal
Os idosos têm manhãs, tardes e noites
Os velhos só têm ontem e acabam no dia que termina
Os idosos têm ontem, hoje e amanhã e se renovam a cada dia
Os velhos têm saudades
Os idosos têm planos
Os velhos fecham-se, emperram, recusam a modernidade,
Os idosos estão abertos para a vida e seus desafios,
Os velhos e os idosos podem ter a mesma idade cronológica
Mas têm idades diferentes no coração.
O meu pai é idoso e não velho.
O meu pai é uma das minhas pedras preciosas, o meu diamante, raro, único,
porque quando olho para ele vejo aquilo que ninguém mais vê, porque muito dele
está em mim.
Sou rica porque tenho um diamante
que niguém mais tem.
Beijos
Filha
6 comentários:
Muito, muito bonito! Há riquezas que não se trocam por nada. A minha avó foi assim até ter falecido, com 100 anos!
Tu tens mais jeito para escrever coisas "assim".
Mas, de vez em quando, lá saem! :)
vês porque é que o teu pai era um homem feliz e porque tinha o tal al de missão cumprida quando morreu?
É porque sabia que era um diamante único para ti!
Partiu o HOMEM, ficou o diamante!
Beijoca
Tu... olha... sem palavras, mulher, sem palavras...
:))))
B.
Tita
Belissimo!Parabéns!
Gosto imenso das pessoas que dominam a palavra e no-la transmitem depurada, trabalhada, reduzida à expressão mais simples, ao essencial. Mas um essencial de infinita sabedoria e sensibilidade que nos entra pelos sentidos.
Beijos e continua!
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