Ano: 1882
Autor: Eça de Queirós
A sociedade portuguesa n'este derradeiro quarteirão do século pode em rigor defenir-se do seguinte modo: Ajuntamento fortuito de quatro milhões d'egoismos explorando-se mutuamente e aborrecendo-se em comum.
Autor: Eça de Queirós
A sociedade portuguesa n'este derradeiro quarteirão do século pode em rigor defenir-se do seguinte modo: Ajuntamento fortuito de quatro milhões d'egoismos explorando-se mutuamente e aborrecendo-se em comum.
6 comentários:
O que vale é que o que esses senhores da geração de 70 escreveram sobre o país ainda se aplica 130 anos depois...
Na mesma linha: Eça de Queiroz (Os Maias) “... E o que sobretudo o espantava eram as botas desses cavalheiros, botas despropositadamente compridas, rompendo para fora da calça colante com pontas aguçadas e reviradas como proas de barcos varinos...
- Isto é fantástico, Ega!
Ega esfregava as mãos. Sim, mas precioso! Porque essa simples forma de botas explicava todo o Portugal contemporâneo. Via-se por ali como a coisa era. Tendo abandonado o seu feitio antigo, à D. João VI, que tão bem lhe ficava, este desgraçado Portugal decidira arranjar-se à moderna: mas, sem originalidade, sem força, sem carácter para criar um feitio seu, um feitio próprio, manda vir modelos do estrangeiro - modelos de ideias, de calças, de costumes, de leis; de arte, de cozinha... Somente, como lhe falta o sentimento da proporção, e ao mesmo tempo o domina a impaciência de parecer muito moderno e muito civilizado - exagera o modelo, deforma-o, estraga-o até à caricatura.”
Sempre actual!
Sagaz e de uma ironia que é o espelho da realidade.Até hoje nunca ninguém captou, com a simplicidade e objectividade de Eça, as contradições tão tipicas do português.
Miguel Sousa Tavares e Marcelo Rebelo de Sousa têm 130 anos de atraso.
Mas eu não :)
Este blog está a ficar muito intelectual para um rafeiro rock'n'roller como eu.
É só farpas!
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