quarta-feira, 29 de julho de 2009

PARABÉNS, PAI, AÍ ONDE ESTÁS

Pai, hoje trago-te de presente estas palavras.
Se te encontrares com Hermann Hesse, seu autor, diz-lhe que gosto muito dele e que te ofertei estes seus pensamentos de que, descaradamente, me aproprio porque os sinto meus:
Tenho no que respeita à morte a mesma atitude de antes: não a odeio nem tão-pouco a temo. Se me pusesse a investigar com quem, para além da minha mulher e dos meus filhos, mais gostaria de poder conviver, chegar-se-ia à conclusão que são sobretudo pessoas mortas, mortos de todos os séculos, músicos, poetas, pintores. O seu génio, concentrado nas suas obras, sobrevive-lhes, é-me muito mais presente ve mais real que a maioria dos meus contemporâneos. O mesmo se passa com os mortos que conheci ao longo da minha vida, hoje tanto como outrora, quando ainda estavam vivos, penso neles, sonho com eles, faço deles parte integrante da minha vida quotidiana. Esta relação com a morte não é, pois, uma mera ilusão nem uma fantasia, é real e faz parte da minha vida. Conheço bem o pesar causado pela transitoriedade, sinto-o em cada flor que fenece; trata-se, porém, de uma tristeza sem desespero.
In "Elogio da Velhice"
Para ti que sempre escreveste tão bem e que terás agora oportunidade de privar de perto com aqueles que admiraste.

12 comentários:

Miepeee disse...

Ja me deixas-te com uma lagrima.
Certamente que o teu pai esta em boa companhia e orgulhoso por saber que tem uma filha que nao o esquece e que o ama.

CPrice disse...

"trata-se, porém, de uma tristeza sem desespero."

Abraço apertadinho *

(estão bem sim, acredito nisso à séria, eu)

Precious disse...

Eu não temo a morte, temo o sofrimento que lhe pode anteceder e temo o desaparecimento dos que me são próximos.
E parabéns ao teu pai que certamente apreciará estas palavras sábias.

Rafeiro Perfumado disse...

Há uma frase de um cantor com a qual me identifico "não tenho medo de morrer, simplesmente não me apetece".

E já agora, se o teu Pai se encontrar com o São Pedro, ele que lhe dê uma joelhada na fruta, por conta dos dois dias das minhas férias em que choveu!

Beijoca!

paulofski disse...

Aqui, a todo o instante, compartilhamos alegrias e tristezas. Sentimos e nutrimos os sentimentos dos outros. Esteja onde o teu pai estiver certamente estará sempre contigo. Deixo aqui o meu ombro amigo.

Gi disse...

Olha lá ó Rafeirote, mas aquilo que S.Pedro tem é fruta? Não sei se os tomates gostariam da NUmenclaTUra!

Agora só me comentas daqui a uma semana, certo? Ou é melhor ir comentando o teu post todos os dias? :D

ANTONIO SARAMAGO disse...

Onde quer que esteja o teu PAI, estará certamente a olhar por ti e pelo menos está no eterno descanso!
Eu já pedi muita vez para que me levassem deste mundo, mas como sou Mau que nem cobras, continuo a ter de viver nesta selva...

Flip disse...

Gi
hoje deixo-te um beijinho cheio de ternura
:-)

Anónimo disse...

Apenas um beijinho para si. Sinto todos os dias a mesma falta do meu. E já lá vão quase 30 anos.

Ka disse...

Gi,

tens de ir comentando que nestas coisas o Rafaeiro é olho por olho ou seja, se não comentas num levas anda a não ser numa raríssima excepção :)

Um abraço apertadinho pelo teu pai

PAS[Ç]SOS disse...

Comoveu-me a herança que implicitamente reconheço o teu pai te ter deixado.

Fatima disse...

Abraço muito grande.