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quarta-feira, 29 de julho de 2009

PARABÉNS, PAI, AÍ ONDE ESTÁS

Pai, hoje trago-te de presente estas palavras.
Se te encontrares com Hermann Hesse, seu autor, diz-lhe que gosto muito dele e que te ofertei estes seus pensamentos de que, descaradamente, me aproprio porque os sinto meus:
Tenho no que respeita à morte a mesma atitude de antes: não a odeio nem tão-pouco a temo. Se me pusesse a investigar com quem, para além da minha mulher e dos meus filhos, mais gostaria de poder conviver, chegar-se-ia à conclusão que são sobretudo pessoas mortas, mortos de todos os séculos, músicos, poetas, pintores. O seu génio, concentrado nas suas obras, sobrevive-lhes, é-me muito mais presente ve mais real que a maioria dos meus contemporâneos. O mesmo se passa com os mortos que conheci ao longo da minha vida, hoje tanto como outrora, quando ainda estavam vivos, penso neles, sonho com eles, faço deles parte integrante da minha vida quotidiana. Esta relação com a morte não é, pois, uma mera ilusão nem uma fantasia, é real e faz parte da minha vida. Conheço bem o pesar causado pela transitoriedade, sinto-o em cada flor que fenece; trata-se, porém, de uma tristeza sem desespero.
In "Elogio da Velhice"
Para ti que sempre escreveste tão bem e que terás agora oportunidade de privar de perto com aqueles que admiraste.

quarta-feira, 22 de julho de 2009

INSTANTE DA MINHA ESTANTE

"Aquele que envelhece e que segue atentamente esse processo poderá observar como, apesar de as forças falharem e as potencialidades deixarem de ser as que eram, a vida pode, até bastante tarde, ano após ano e até ao fim, ainda ser capaz de aumentar e multiplicar a interminável rede das suas relações e interdependências e como, desde que a memória se mantenha desperta, nada daquilo que é transitório e já se passou se perde."

“A década que medeia entre os 40 e os 50 anos é para as pessoas temperamentais, para os artistas, sempre uma época crítica, de inquietação e frequente insatisfação, uma altura em que é comum haver dificuldades em lidar com a vida e com nós mesmos. Depois disso, sobrevêm tempos de acalmia. Pude experimentar isso não só em mim mesmo, como também o observei em muitos outros. Por muito bela que seja a juventude, uma época de efervescência e de combates, também o envelhecer e o amadurecimento possuem a sua beleza própria e proporcionam felicidade.
Com 50 anos, o ser humano começa a pôr de lado certas criancices como a obtenção de fama, reputação e estatuto, passando a olhar retrospectiva e desapaixonadamente a sua vida passada. Aprende a esperar, a calar-se, a escutar; ainda que porventura alguma dessas virtudes venha a ser corrompida por quaisquer debilidades ou por algumas fraquezas, nunca deixará de considerar proveitoso este processo.”

É, sem dúvida, um livro de leitura obrigatória, pelos seus ensinamentos e reflexões.
Sei que estou no bom caminho para não me tornar numa velha amarga. Só isso é digno de pena.