domingo, 30 de março de 2008

EU AINDA SOU DO TEMPO ...21

Em que não havia time sharing, inquéritos de rua, inquéritos por telefone, call centers.
Não, não é outra vez a Chep, não ... essa é mais aos dias úteis!
Sábados e Domingos, dias em que eu pensava que só os Serviços de Urgência hospitalares trabalhavam para bem da saúde do próximo, uma vez que a maioria dos Centros de Saúde estão fechados, eis que me enganei pois, de certeza absoluta, as pessoas tiveram que arranjar com que se ocupar aos sábados e aos domingos já que o Governo não lhes dava trabalho nesses dias e, se bem o pensaram, pior o fizeram inventando o : time sharing medicinal.

De que é que esta gaja está a falar, perguntarão vocês?!?! Só pode ser do adiantado da hora, concerteza!
Mas eu explico. Eu ainda sou do tempo em que se não me explica(rem)ssem tudo muito bem explicadinho, nada feito.

Drim, Drim! Drim, Drim! (Toca o telefone fixo)

- Estou sim?
- É a D. G******* ******* que fala?
(Muito ruído de fundo, o que me põe logo alerta)
- Sim.
- Aqui há uns tempos respondeu a um inquérito telefónico sobre a saúde em Portugal e tem direito a um rastreio cardio-vascular. Recebeu a nossa carta?
(Isto tudo assim de seguida ... se alguém lhe pusesse a mão na boca e lhe tapasse o nariz ... nem sei o bem que me teria feito!)
- Nem eu me lembro de ter respondido a um inquérito telefónico sobre saúde, e olhe que este telefone não toca assim tantas vezes, nem recebi nenhuma carta, não.
(Decidi que ia esticar esta conversa, pois time sharing em saúde nunca me tinha calhado.)
- Não mora no endereço ********************************************************************************?
(Eu sou, igualmente, do tempo em que os asteriscos serviam apenas para chamadas de atenção e separadores do mais giro que havia, mas não para camuflar letras e números)
- Moro.
- Os correios trabalham bem na sua zona?
(Estive a pontos de me atirar para o chão a rir ... mas não tinha espaço)
-Sim ... pelo menos recebo as contas para pagar sempre a tempo e horas. Quando é que me mandaram a tal carta?
- Err, pois; dê-me um minutinho para ver no computador.
(Esta pergunta, não devia estar no rol das perguntas que fazem neste tipo de time sharing, pelo que ela demorou um bocado mais de [muito] tempo a pensar na resposta)
- Foi em Janeiro, D. G******* *******
- Dia, se faz favor; para eu poder reclamar nos correios a carta que vocês mandaram com tanto carinho e eu não recebi;
- Não faz mal, D. G******* *******; eu vou-lhe dar a senha que estava na carta, é só a senhora trazer o BI e dizer o nº da senha e fará o rastreio na hora;
Pode vir hoje por volta das 18H00?
(Típico do time sharing, certo?)
- Não, não posso.
- Pode vir na 2ª feira;
- 2ª feira trabalho;
- Nós estamos abertos das 17h00 às 22h00.
(Decidi esticar a conversa para ouvir o desfecho.)
- E onde é que esse milagre fica?
- Em Oeiras, D. G******* *******
(Sim, que este pessoal sabe o nosso nome melhor que ninguém e nunca se esquece dele)
- Mais precisamente ....
(E ela lá me disse.)
- D. G******* *******, preciso de preencher uns dados seus.
(Estava mesmo à espera desta)
- Então mas o seu colega ou a sua colega que me fez o inquérito telefónico deve-me ter perguntado os dados todos, ou não?
- Não os tenho aqui no computador.
- Mas a minha morada, o meu nome, o meu telefone tinha! Estranho!
- A senhora que idade tem?
- 45
- Na sua profissão faz muito exercício físico?
- Não, profissionalmente, não faço.
- Qual é a sua profissão, D. G******* *******?
- Secretária.
- Secretária como? Secretária secretária ou secretária administrativa?
(Chão porque não me deste espaço para eu rebolar a rir?)
- Desculpe??????????????? A menos que me esteja a perguntar se sou uma secretária, do género mobiliário, o que me leva a aconselhá-la a ir fazer um rastreio neuro-vascular, as outras, basicamente, fazem o mesmo: secretariam.
- É casada, D.
(Aqui já sabem que ela diz o nome todo, ok?)
- Sim.
- Com quem?
- Com o meu marido.
- Não D. ( ); Nome do seu esposo.
- Desculpe mas não vou dizer. Aliás sou eu que vou fazer o tal de rastreio cardiovascular, não é?
(Ela, aparentemente, impertubável ... ou surda)
- Idade?
(Eu armada em parva)
- Já lhe disse; aconselho um rastreio aos ouvidos.
- Do seu marido.
- Não digo.
- Profissão.
- Vamos acabar com isto, minha senhora?
- D. ( ) a que horas é que pode vir na 2ª feira?
- Às 19h00.
- Não se importa de esperar um bocadinho para eu perguntar um coisa à Doutora rápida?
- Doutora Rápida?
(Não sei se ouviu; mas não respondeu)
[Bocadinho passado ...]
- D. G( ) vou passar à Senhora Doutora para carimbar.
- Para carimbar o telefonema?
- Sim.
- Ok, vou gostar de ver.
[A Doutora era ESPANHOLA, o que me encaracolou toda; foi o descabelo total.]
- A minha colaboradora já lhe disse do que se tratava, não es verdad?
- Sim.
[E , quis ela, repetir-me tudo outra vez, no seu espanhês.]
- Olhe, minha senhora, a sua colaboradora já me disse tudo o que a senhora quer voltar a repetir e eu estarei aí às 19h00 de 2ª feira.
- Tiene que venir a senhora e su marido.
- Só vou eu ou não vai ninguém, escolha!
- Não é uma questão de escolha: tiene que vir a senhora e su marido.
- Pois eu escolho que não vai ninguém; passe bem!

Vocês conheciam este tipo de time sharing?
Pois eu também já fui do tempo em que não o conhecia!


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4 comentários:

Curiosa disse...

Eu tinha-a despachado em 3 tempos. Haja paciência!!!

Gi disse...

Só não a despachei porque quis ver este original tipo de time sharing!
Os outros despacho-os à bimby, mesmo: em 3 tempos :)

Anónimo disse...

Gi esse exemplar também já passou pelo telefone cá de casa. Ainda por cima era um rastreio só para residentes no concelho de Oeiras... lol... eu vivo no de Cascais.....

LILI disse...

Acho que já toda a gente passou por esta experiência de telefonemas e de entrevistas de seca.
Eu passei por uma, ainda na antiga e "falecida" Feira Popular que não desejo a ninguém. A partir daí fiquei vacinada. Bolas!!!